Notícias : Agricultura Qui, 09/08/2018
Aratiba lança Projeto de produção de orgânicos
45 agricultores já estão produzindo hortigranjeiros com certificação. Produtos são vendidos em mercados da região. Governo garante o suporte para a produção e a venda dos produtos.
Distante menos de cinco quilômetros da cidade, a propriedade de Marcelo Bugs, tem dois hectares reservados para a produção de alimentos orgânicos. O local está cercado de mata, pastagens e barreiras naturais que o agricultor providenciou para que a agricultura convencional não deixe resíduos nos alimentos que ele produz. Aos 48 anos, Marcelo decidiu investir na produção de orgânicos como principal atividade da propriedade pensando em oferecer “um alimento com mais qualidade e que possa resultar em renda 12 meses por ano”. Marcelo é um dos 45 agricultores que integram o Projeto de incentivo à produção e consumo de alimentos agroecológicos de Aratiba, uma parceria entre a prefeitura do município, o Cetap – Centro de Tecnologias Alternativas Populares, as cooperativas locais e a Cooperativa Central de Comercialização da Agricultura Familiar de Economia Solidaria – Cecafes.
Produção, assistência técnica e mercado para os produtos. É neste tripé que aposta o prefeito do município, Guilherme Granzotto. Para ele, o projeto funciona porque além de organizar a produção, contempla os demais aspectos necessários para manter o agricultor na propriedade. “Ele pensa na rentabilidade e nas formas de atingir os mercados, que um pequeno agricultor, sozinho, não consegue alcançar”. Para o prefeito, outro aspecto fundamental é que o projeto trabalha com agricultores que estão fora de outras cadeias produtivas. Granzotto fala principalmente da produção de leite e carnes, que garantiram rendas mensais para os pequenos agricultores durante muito tempo, mas que nos últimos 20 anos vêm sendo concentradas na mão de cada vez menos produtores. Em 20 anos, o numero de criadores de suínos diminuiu de mil para 95; o numero de aviários caiu de 70 para 33 e de cerca de mil agricultores que produziam leite, somente 255 se mantém na atividade. Em todos estes setores, a produção aumentou e em vários casos, os agricultores estão contratando mão de obra de vizinhos para dar conta das granjas. “Não estamos batendo no agronegócio, mas construindo uma alternativa para quem não tem condições de entrar ou está sendo excluído das demais atividades”.
O principal incentivo é a assistência técnica e a formação. Técnicos do Cetap e da Secretaria da Agricultura de Aratiba orientam os agricultores na transição do convencional para o orgânico. “A gente foi vendo que o resultado econômico pode ser melhor, que o acesso aos insumos está facilitado e hoje já há muito mais domínio da tecnologia por trás da produção de orgânicos. A assistência técnica do CETAP é muito importante, porque se aprende muito tanto nas oficinas como no acompanhamento de rotina nas plantações”, garante Marcelo Bugsque produz repolho, couve chinesa, brócolis e alface. O CETAP orienta os processos de produção, calcula os investimentos necessários e realiza encontros que abordam temas como o que é agroecologia e problemas causados pelo uso de agrotóxicos. Também orienta sobre como é o processo de certificação de produtos orgânicos, que no caso de Aratiba é feito pela rede Ecovida, que adota a certificação participativa. “Dentro dos grupos de produção organizados, tem uma sistemática de acompanhamento, vistorias e visitas para garantir que o alimento realmente seja agroecológico”, explica Roberto Balem, presidente da Cecafes, responsável por colocar a produção no mercado.
Com este sistema de produção, certificação e venda organizado, os orgânicos de Aratiba, que até agora podiam ser comprados em feiras, já estão nos supermercados de Erechim e Concórdia, escolas e instituições públicas. A Cecafes também já está negociando para fornecer os alimentos para redes de supermercados de Passo Fundo, Porto Alegre e Chapecó. Isso anima os produtores, que enxergam no sistema uma possibilidade de ganhar em escala. “O mercado de Aratiba é muito pequeno, então precisamos colocar nosso produto em outros locais para poder viver da produção de orgânicos”, diz o agricultor Marcelo Bugs. Para Balem, as perspectivas são muito boas. “Produzir alimentos sempre é um bom negócio, principalmente para os produtores que conseguem ter acesso à tecnologia e ao conhecimento. A pesquisa está dando suporte para produzir alimentos de boa qualidade, com custo mais baixo e em escala maior. A agroecologia é o futuro e o avanço da agricultura familiar”, afirma.
Em um ano o numero de agricultores que produzem alimentos orgânicos em Aratiba subiu de cinco para 45. Todos integram o projeto. Mas, segundo o coordenador de Cetap,Edson Klein, há espaço para muitos mais. “A produção no Brasil é quase insignificante, atende cerca de 5% da demanda, o mercado está totalmente aberto e dá para ampliar muito mais a produção e a oferta. Hoje muitos não consomem produtos orgânicos porque não tem oferta. Se a pessoa tiver opção, ela vai consumir o orgânico”, assegura. O secretário de Agricultura de Aratiba, Lenir Cristmann confirma que mais agricultores estão interessados no projeto. “Tem agricultores interessados em produzir banana orgânica por exemplo. Apesar de haver um microclima ideal para a produção em Aratiba, 95% da banana vendida na região vem de outros estados. Então,a prefeitura está incentivando estes produtores que não tem uma estrutura produtiva definida a abraçar estas opções ”.
Para Klein, do Cetap, outra vantagem importante é a possibilidade de produção com baixo investimento inicial. Segundo ele, há muita demanda de mandioca, batata doce, moranga e outros produtos que tradicionalmente já são produzidos pela agricultura familiar e que precisam de pouco investimento. “Quando a prefeitura abraça esta proposta, garante que isso aconteça. E isso já temos em Aratiba, então o projeto pode crescer muito”.
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