Notícias : Geral Qui, 11/06/2020
O luto em tempos de pandemia
Uma reflexão do Parapsicólogo Clínico e Psicanalista Rudinei Lolatto para os tempos que estamos vivendo
O LUTO EM TEMPOS DE PANDEMIA*
A pandemia, provocada pelo Covid-19, colocou o mundo de ponta-cabeça, no sentido de que rompeu com ‘normalidade’ da vida, exigindo das pessoas novas formas de se viver e de se adaptar ao novo contexto e/ou ao novo normal. Até mesmo a rotina, como âncora para as nossas vidas, foi afetada diretamente e virada do avesso com a pandemia. Claro que os ganhos e as lições de vida que a pandemia vem propondo à humanidade mereceriam destaque, mas não é o objetivo da presente reflexão. Também são possíveis de se constatar as inúmeras perdas causadas pela pandemia e, em relação a isso, inevitavelmente, precisamos falar do luto, sendo um tema que merece destaque e é o que se propõe com a modesta reflexão que segue. O QUE É O LUTO? O luto é uma resposta natural à perda e é um tempo para ‘soltar’ o que foi ou o que se perdeu. Quando a pessoa não vive o luto, então fica aprisionada / amarrada com o que se perdeu, tendo, então, prejuízos e dificuldades com a continuidade da vida. Cada pessoa vive o processo do luto ao seu modo, pois trata-se de uma experiência pessoal/subjetiva e, quanto maior o investimento afetivo e quanto maior o apego aquilo que se perde, tanto maior a energia necessária para o desligamento e a elaboração da perda. Parafraseando a psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross ‘o LUTO é um processo necessário e fundamental para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa não apenas de alguém, mas também de algo importante, como: objeto, viagem, emprego, ideia, etc’. A referida psiquiatra aborda CINCO ESTÁGIOS DO LUTO (negação/isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação), os quais variam de pessoa para pessoa, não necessariamente seguindo uma única ordem. Com o distanciamento social, muitas pessoas, independente da faixa etária, se sentem sem amparo presencial, sem aquele olho no olho que acolhe e diz ‘estou ao seu lado’, sem aquele contato físico e social com os familiares, com os grupos, com a comunidade...., gerando, muitas vezes, uma sensação de vazio. É preciso estar ciente de que o luto também faz parte do distanciamento social, embora que o mesmo aconteça, na maioria das vezes, invisivelmente / inconsciente. Tanto que o luto pode ser intenso e duradouro e é o que alguns autores chamam de SÍNDROME DO LUTO PROLONGADO. Caro leitor: acolha as emoções e os sentimentos oriundos desta época da pandemia e permita-se aos verdadeiros processos internos para que os lutos sejam realmente vividos. Negando e/ou evitando o luto, você apenas o reprime e, em determinado momento de sua vida, retornará com outras roupagens, como por exemplo, por meio de sonhos, de doenças, de comportamentos desiquilibrados, de compulsões e de tantas outras formas de sofrimento. Saiba que o luto é saudável e necessário, pois prepara a nova fase da vida ou para uma nova etapa da existência. Por fim, como INDICATIVOS À VIVÊNCIA DO LUTO em tempos de pandemia, cita-se os seguintes: acolha as perdas, as frustrações e as outras emoções que emergem neste contexto, não adie o luto, não se isole, respeite o tempo do luto, recrie a rotina da vida e valorize o autocuidado. O enfrentamento do luto se faz necessário, porque ele não é um mal em si e pode ser vivido como um processo natural e saudável com vistas à continuidade da vida. Se necessário, BUSQUE AJUDA por meio da análise pessoal e/ou da terapia, seja ela presencial, observando as orientações das autoridades de saúde, ou até mesmo online. Atente para que o distanciamento social seja apenas um afastamento físico e não um distanciamento emocional, existencial e até de si mesmo.
* Rudinei Lolatto – Parapsicólogo Clínico e Psicanalista
Segunda a sexta
08:00 - 11:30 / 13:00 - 17:00
Prefeitura Municipal
(54) 3376 - 1114
projetos@pmaratiba.rs.gov.br
Rua Luiz Loeser, 287 - Aratiba
Rio Grande do Sul, 99770-000, Brasil